25 de Abril – É preciso que todos participem
Caros Munícipes,
Neste dia de festa em que comemoramos 40 anos do radioso dia 25 de Abril de 1974, que pacificamente destronou uma ditadura de 48 anos cristalizada num regime opressor e totalitário, as minhas primeiras palavras são de eterno agradecimento aos militares de Abril pela sua coragem, determinação e generosidade.
Coragem na execução de um golpe militar que se adivinhava difícil e incerto; determinação na implantação do novo regime democrático, no acabar com a Guerra Colonial e na descolonização; generosidade e desprendimento pela entrega do poder aos partidos políticos, coisa rara em todo o Mundo.
Um segundo agradecimento, dirijo-o, com todo o respeito e admiração, a todos os homens e mulheres que antes do 25 de Abril lutaram de todas as formas contra o fascismo, com elevado sacrifício pessoal e dos seus familiares, com prisões e degredos, com torturas e medos, lançando as sementes das quais a Democracia germinou.
O terceiro e último agradecimento é destinado ao Povo português, pelo espontâneo e generoso apoio e acolhimento com que massivamente, desde o primeiro minuto, souberam prestar aos ideais da Democracia e da Liberdade, inundando as ruas de forma empolgante e acalorada numa manifestação inequívoca que a Revolução dos militares de Abril, era a sua Revolução; era aquela profunda mudança porque tanto esperaram e ansiavam, que de imediato passaram a chamar sua, e que ao longo destas 4 décadas, tantas lições de sábia serenidade nos têm transmitido.
Sem todos estes contributos, meus senhores e minhas senhoras, esta minha voz, neste momento, estaria calada por uma mordaça e as letras deste papel, estariam riscadas por um lápis azul.
Por isso a festa de hoje, é a festa do fim da censura e da opressão, é a festa da tolerância e do direito ao voto livre e universal; é a festa do passe social; do salário mínimo; dos contratos de trabalho; do subsídio de férias e de Natal; do direito ao divórcio e do reconhecimento das mulheres como cidadãs de plenos direitos;
Festejamos o direito à greve e ao trabalho; à educação e ao Serviço Nacional de Saúde; o direito à segurança social e a uma velhice digna e respeitada; o direito à igualdade de oportunidades; o direito de sonhar e sermos livres.
Mas nestes 40 anos do 25 de Abril não festejamos apenas isto.
Festejamos o dever da tolerância e da solidariedade com os que mais precisam; o dever da criação de condições e acessibilidades para aqueles para quem um simples degrau é uma intransponível barreira; do dever, dizia, do combate à iliteracia, da prática da cidadania e da sã convivência democrática.
Festejamos o dever do respeito pelo próximo e também o de exigir que os poderes instituídos em nome do 25 de Abril, nos respeitem enquanto cidadãos de plenos direitos, como um povo que sempre honrou os seus antepassados e que não admite que o menorizem, o reduzam a números, o tentem enganar e o forcem a empobrecer e a de novo emigrar, colocando-nos na triste posição de mendicantes europeus de segunda, porque não foi para isso que os militares saíram à rua, nem é essa a matriz da Comunidade Europeia a que aderimos.
Mas, minhas senhoras e meus senhores, se há direito e dever que hoje devemos, festejar lutando, é o da defesa intransigente da Constituição da República Portuguesa, combatendo em nome de Abril todos os ataques e ultrajes com que neste momento a pretendem reduzir e eliminar.
Estamos aqui, em plenos Paços do Concelho da Moita e somos os representantes mais próximos dos nossos co-cidadãos. Somos autarcas e integramos diversos partidos políticos na legitimidade da escolha do voto popular. Da pluralidade das nossas opções politicas e programáticas damos corpo a outra grande conquista da Revolução dos Cravos: o Poder Local Democrático, pelo que temos a obrigação de, de forma partilhada, contribuir para transformar as nossas localidades em locais com as melhores condições de vida e onde dê prazer viver, sob pena de se poder questionar aquele desígnio.
Meus senhores e minhas senhoras, se iniciei com agradecimentos, termino com um apelo:
Se houve “portas que Abril abriu” para um País livre, plural e democrático, deixo a todos o apelo: que não seja a inércia e a abstracção popular, por desânimo, descredito, ausência ou cansaços que venham a permitir um dia, que as ´”portas que Abril abriu”, possam vir, alguma vez, voltarem a ser fechadas.
É preciso participar.
É preciso que todos participem.
Viva o 25 de Abril !
Viva Portugal !