AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – ZONA NORTE DO CONCELHO DE MOITA

Quando preservar é sinónimo de degradação, algo de errado se passa. Ao longo de muitos anos habituei-me a ouvir que, por vezes, estas duas situações precisam de estar ligadas. É evidente que não fez qualquer sentido esta ligação. Preservar significa cuidar, manter, por vezes alterar, mudar, recriar. De-gradação é, apenas e só, degradação.
Na zona norte do meu concelho, onde cresci e vivo, mais precisamente em Sarilhos Pequenos, que se situa no coração da Área Metropolitana de Lisboa, com uma parcela significativa do seu território considerada Zona de Proteção Especial, incluída na Diretiva Aves da CE, por razões diversas que agora não são importantes, uma mistura de preservação/degradação e degradação efetiva mantiveram, até à atualidade, um estado de quase virgindade em termos de estrutura física da, agora, União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos.
Uma ligação fortíssima, de séculos, ao rio Tejo é, sem qualquer dúvida, a característica que mais define todo o espaço físico desta União de Freguesias. As situações atrás referidas, se por um lado tiveram o mérito de manter esse tal estado de virgindade, por outro lado obrigam a que, para parar a efetiva degradação, se intervenha no que ao ordenamento e potenciação dos recursos territoriais existentes diz respeito. Num tempo onde quase tudo é possível, e a autossustentabilidade assume um papel cada vez mais importante e decisivo, é preciso intervir e tornar o território em causa mais agradável, mais adaptado, equilibrado e harmonioso. A partir do rio e com o rio, um outro conceito de ordenamento e de atitude ambiental é o objetivo.
Serão fatores fundamentais a considerar, no exercício proposto, o desassoreamento do rio, através da criação de represas naturais que darão origem a espelhos de água com aproveitamento diverso. O desporto náutico, o aproveitamento energético, o desenvolvimento de atividades económicas diversas ligadas à construção/reparação naval de cariz histórico/museológico e consequente ligação à atividade turística, aproveitando e recuperando instalações existentes, e a necessária recuperação das margens e zonas de sapal com tudo o que isso significa, são como que o ponto de partida.
Não se trata nem se pretende, tão só, uma recuperação da zona ribeirinha da União de freguesias. Trata-se e pretende-se uma transformação total nos conceitos de desenvolvimento integrado e sustentável, por força de novo ordenamento do território desta União de Freguesias, que é ribeirinha. É possível o nascimento de uma nova atitude ambiental em função duma perspetiva correta de ordenamento do território. Provocar uma ligação de quase total dependência de vivência correta entre as pessoas e o ambiente que as rodeia, obrigará, necessariamente, ao cuidado permanente dos elementos diversos.
Para isso, e de forma integrada, o conceito é de total abrangência. Autossustentabilidade é a chave. Virar o território para as pessoas, otimizando todos os seus recursos e vice-versa, sustentando esta ligação no conceito de desenvolvimento sustentável e, por isso, de necessidade permanente de não rotura do equilíbrio, é o grande objetivo.
Pretendo, envolvendo-me e criando as condições possíveis para envolver outros, trabalhar e influenciar para que se perceba que é possível, e até relativamente simples, cuidar do espaço que nos rodeia e serve, quando nos dispomos a ser cuidados e servidos por ele. Temos que fazer, precisamos mudar.

Ana Costa
Candidata a Presidente da União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos