Intervenção de Eurídice Pereira Candidata à presidência da Assembleia Municipal na apresentação dos candidatos Autárquicos

Ao tomar a palavra neste ato, não poderia deixar de ter presente os trágicos acontecimentos que enlutaram o país.

Faço-o consciente das gravíssimas consequências que se fizeram sentir sobre um elevado número de famílias que se viram, subitamente, privadas dos seus entes queridos, da perda de bens pessoais que resultaram de uma vida de trabalho e da devastação do património de todos nós .

Nestas alturas surge mais claro para todos a dimensão da responsabilização da política e dos políticos.

Não porque sejamos nós, políticos, vistos como pirómanos. Mas porque é para nós, políticos, para quem a sociedade olha, mesmo que a devastação em pessoas e bens tenha causas naturais e imprevisíveis, como as que ocorreram. Olham-nos ajuizando o passado e o presente.

E é natural que assim seja. Ser político significa ser defensor da aldeia, da vila, da cidade, do país, talvez melhor dizendo, da pólis, e é esse o juízo que os eleitores têm de nós.

Por isso vos digo, esta é uma candidatura de responsabilidade, de homens e mulheres livres, que se apresentam para servir a comunidade com um projeto de futuro, aceitando o juízo livre dos cidadãos.

Projeto que não se suporta na obediência cega a ditames do chamado centralismo democrático, defendido e praticado pelos nossos principais adversários no poder na Câmara e na Assembleia Municipais, e mesmo nas freguesias, que exigem com uma mão o que negam com a outra. Chamam a isso dialética!… recusando atender às críticas justas e manifestando-se insensíveis ao progresso.

A desertificação não existe só no interior do país.

Existe em alguns municípios como este a que nos apresentamos.

Não que o município não tenha pessoas. Tem e mais de 60 mil. A desertificação é de outra ordem. A desertificação de que falo é de ideias e de desenvolvimento em solidariedade.

O município da Moita , mercê da força que tem sido dominante no concelho, o PCP, não tem tido nem terá respostas para a captação de investimentos e menos do investimento produtivo, capaz de criar empresas que geram riqueza e desenvolvem a recriação da esperança.

Para o PCP, estas respostas não lhes respeitam, aliás estas e tantas outras, como se o poder autárquico não fosse poder e tudo tivesse de ser feito pelo Governo central.

Nós não queremos que este concelho continue soturno, fechado em si e sobre si, coartando horizontes dos que cá vivem.
Lamento dizê-lo, mas o PCP fez deste concelho um município velho, de casas que mais parecem um vasto albergue residencial, sem vida própria, carente de tudo o que possa respirar bem-estar.

E para esconder o que está à nossa vista insistem em criar uma verdade alternativa.

A direita à nossa direita, pelo seu lado, porque se divorciou há muito de qualquer projeto de proximidade com os cidadãos, foi sempre incapaz de ser alternativa em qualquer concelho deste distrito de Setúbal. O que essa direita realizou no último Governo a que presidiu, agravou ainda mais o divórcio com os cidadãos.

Daí a nossa responsabilidade. A responsabilidade do Partido Socialista ser ainda maior.

Quero deixar claro, nós assumimo-nos conscientemente como a única alternativa responsável à atual governação local comunista, conscientes que o poder autárquico é um poder próprio e embora não soberano, terá uma responsabilidade crescente no futuro, cada vez mais próximo.

Todas estas razões justificam que tivéssemos cuidado muito das listas.

Cuidado da igualdade de género, através da valorização da meritocracia e não por meras razões percentuais. Afinal,o que conta para nós é o mérito e não o género por si só. Felizmente compatibilizámo-los. Somos na lista da Assembleia Municipal 27 meritórias mulheres e 27 meritórios homens.

Cuidámos também da inclusão de membros de diferentes gerações, mas cuidando sobretudo do amor às gentes do concelho onde residimos, com pessoas que dão a cara pelos outros, em liberdade, de forma solidária e apostando no futuro.

Com coragem. Com muita coragem porque o nosso principal adversário nem sempre é exemplo de convivência democrática.

O facto do concelho ser daqueles onde a abstenção nas autárquicas atinge valores inaceitáveis, diz tudo sobre a forma como o executivo está distanciado dos eleitores. São apenas 40% os votantes que vão às urnas.

Se virmos bem, o PCP é maioria absoluta neste Município com menos de 1/5 dos eleitores inscritos.

O PCP é, de facto, minoritário entre os eleitores e, no mínimo deveriam disso retirar lições, ao menos na arrogância com que têm tratado o PS, agora e finalmente reconhecido no Governo como um partido de esquerda. Já não era sem tempo.

Sabemos bem, pelo que se passa nas legislativas, que se os eleitores fossem nas autárquicas votar, o PCP há muito que não governava os destinos do concelho da Moita.

É importante que isto seja repetido à exaustão e deve ser pedido, sem complexos, aos eleitores, que vão votar. Se o fizerem, como sucede nas legislativas, será o PS a governar. Sempre que as pessoas se mobilizam a vitória é socialista.

Deixem-me falar sem rodeios. O que vos disse acontece assim porque há falta de ambição na nossa terra. Até isto o PCP arrebatou aos eleitores condicionando-lhes o direito à cidadania plena. O Partido Comunista tem o (mau) ‘mérito’ de ter sequestrado este território para o campo da inércia.

É ou não certo que por cá há um elevado grau de desinteresse? É ou não certo que por cá é diminuto o grau de exigência?

Estimados amigos e amigas.

Estamos aqui para forçar o fim deste estado de coisas. Não estamos nisto a marcar calendário porque sabemos que a coisa não é fácil. Estamos por convicção e porque não desistimos de lutar por melhor.

Antes de terminar, quero dizer-vos que vamos preparar o programa eleitoral para a Assembleia Municipal, sendo certo que connosco este órgão municipal deixará de ser o guarda costas acrítico da Câmara Municipal. Muito pelo contrário, vamos defender um funcionamento mais aberto onde estimularemos a participação informada dos cidadãos e das suas organizações. Será um espaço de valorização do debate público, em particular das grandes questões. O exercício connosco será de estímulo à livre participação e não há formatação condicionada do pensamento.

Connosco a Assembleia Municipal será a casa da cidadania.

E podem crer que estaremos à altura.

Euridice Pereira - 062017