NÃO BASTA CONSTRUIR, IMPORTA MANTER

Atingindo o Sol o trópico de Câncer, o dia mais longo do ano, que marca o início do verão e uma nova estação, inicia-se uma nova etapa para a natureza que nos rodeia, ou pelo menos o que nos resta dela.
Faço esta pequena introdução para nos recordar a todos que por mais que a nossa vida seja rodeada de lâmpadas LED, telemóveis e paredes de betão, estamos e estaremos sempre indissociavelmente ligados ao ciclo ambiental, a esta nossa pequena e frágil “nave espacial” em que vivemos que anda pelo universo e tem o nome de terra.
Importa por isso que saibamos preservar o meio ambiente que nos rodeia e criar espaços onde a natureza possa florescer. O parque José Afonso na Baixa da Banheira resultou da visão e da vontade de pessoas de grande ambição que queriam aproximar as gentes da terra ao rio que a banhava.

Com a vontade de todos e graças a apoio de fundos europeus, nasce o parque José Afonso, com os seus 25 hectares de zonas verdes. Os seus detalhes construtivos, os diversos equipamentos e a sua dimensão constituiu desde logo um enorme desafio no que concerne à manutenção.
A verdade é que a manutenção de que o parque necessita tem sido descorada ao longo dos anos, e a verdade é que por demasiadas vezes tem-se permitido chegar ao ponto em que é mais fácil demolir ou eliminar determinado equipamento do que o preservar.
O parque José Afonso, apesar da sua inegável beleza e grandiosidade, é hoje uma pálida imagem daquilo que outrora fora. Nem o monumento alusivo a José Afonso resistiu à passagem do tempo e ao vandalismo.
Cabe-nos a nós, enquanto sociedade, zelar por este belo parque, tal como de outros parques, equipamentos e monumentos deste concelho que urgem preservar.
Dito isto, na qualidade de cidadão, mas também na qualidade de vereador eleito na Câmara da Moita, considero inqualificável a opção de despejar resíduos de construção e demolição (RCD) naqueles que constituíam um dos espaços mais emblemáticos do parque, os poços para a pratica de desportos radicais, nos quais se praticam diversas modalidades radicais. Todos aqueles que na juventude passaram por aquele espaço se sentiram desafiados a experimentar, embora só os mais corajosos o tenham conseguido. A ação que teve lugar por parte da Câmara Municipal da Moita ao aterrá-los com entulho proveniente de obras não é aceitável e, como tal, os resíduos devem de lá ser retirados, cumprindo com as normas e leis em vigor na área do ambiente.

Acredito que hoje é comumente aceite por todos que o parque precisa de um plano global de requalificação e manutenção, discutido com a população para que não voltem a haver surpresas como esta e para que o parque possa crescer e dar resposta às múltiplas necessidades culturais, desportivas e sociais das pessoas da vila da Baixa da Banheira.
Que participem também as pessoas dos restantes pontos do concelho e que gostam do parque; assim se proceda da mesma forma para os demais parques, como o das Salinas em Alhos Vedros, o das Canoas no Gaio ou o Parque da Moita.
Não basta construir, importa manter. Que nos unamos na preservação desta casa que é de todos.

Carlos Albino

Presidente da Concelhia da Moita do Partido Socialista