NÓS SOCIALISTAS!
Desde a implementação da democracia em Portugal, o estado democrático actual é talvez o que melhor assenta na ideologia que levou à sua criação. Isto porque quando se pensa em política democrática, geralmente a ideia que sobressai é a de várias opiniões opostas, sendo defendidas religiosamente e permanecendo imutáveis em todo o momento. Esta é a ideia que está enraizada na maioria da população, sendo transversal em todos os países democráticos. Mas se for feita uma análise ao conceito de democracia, percebe-se que o estado democrático é aquele em que existe cooperação de todos os pilares políticos, que por mais distintas sejam as suas ideias fundamentais o objectivo é o mesmo, o melhoramento do país e do nível de vida da população, desta forma, o actual entendimento entre os dois representantes políticos nacionais e os entendimentos na assembleia da república é um sinal de evolução no quesito da mentalidade política. O que se verifica no panorama político português é exactamente isto, a partilha de visões diferentes sobre problemas gerais, um partido no poder que sabe escutar as visões dos restantes partidos, que respeita essas mesmas visões e análises, e chega até mesmo a pôr algumas dessas sugestões em vigor.
O Primeiro-ministro, além da coragem de adotar visões diferentes da sua, de ouvir ideias com bases politicas diferentes e de ser criticado por esses mesmos métodos adotados, em nenhum momento desistiu da sua ideia de democracia, que é a mais correta interpretação de democracia já praticada por um Primeiro-ministro em Portugal, devendo por isso mesmo, ser tido como um exemplo a seguir, possibilitando assim um crescimento político individual de cada cidadão, podendo desta forma passar a existir em Portugal uma democracia política mais unitária.
Porque importa não esquecer o que diz a Constituição no artigo 1.º ”Portugal é uma República soberana baseada na dignidade da pessoa humana” E, no artigo 2.º, define o Estado de Direito Democrático como baseado no “pluralismo democrático” ; “visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa”.
A democracia pluralista é a única forma de regime político em que os socialistas se reconhecem: o socialismo que propõem é indissociável da democracia. A democracia não é um meio para atingir outra coisa, é um fim em si mesma. Não há justiça sem liberdade e sem democracia. Não pode haver igualdade de oportunidades ou solidariedade sem igualdade de direitos políticos.
Defender a democracia é não hesitar na confrontação democrática com os inimigos da democracia, qualquer que seja a sua natureza. É lutar contra o totalitarismo, que viola os direitos fundamentais da pessoa humana, e contra o populismo, que ataca os alicerces do Estado de Direito. É recriar continuamente a democracia, de modo a que ela saia reforçada, e não diminuída, do confronto com as novas exigências e possibilidades que o mundo contemporâneo lhe coloca.
Luís Cerqueira
Coordenador da Secção do PS Baica da Banheira