Hipotecar o futuro a troco de quê?

O PDM é um instrumento legal, fundamenta à gestão do nosso território municipal. O PDM da Moita tem mais de uma década, e quis o destino que muitas das preocupações assinaladas pelos vereadores socialistas e não só, viessem provar ter razão de ser. Perante isto vejo mais uma vez aqui à boleia de uma alteração legislativa, ser novamente levada a uma reunião de câmara uma proposta que visa proceder a alterações no PDM. Desta vez é referente a aprovação dos termos de referência do Plano de Pormenor da UOPG1/Quinta das Fontainhas, que fica numa das principais entradas do concelho. Considero que devemos ser a favor do desenvolvimento, e querer que a Câmara Municipal da Moita possa ser amiga do investimento, porém não se deve saltar etapas fundamentais, que visem acautelar os interesses do Município. Lembrar que esta área geográfica em particular integra grande parte dos projetos estruturantes discutidos na última década para a região e país. Estamos a falar do corredor central de acesso rodo/ferroviário de acesso à ponte, da terceira travessia, do projeto de alta velocidade norte/sul. Investimento esse que tem previsto a criação das futuras oficinas de manutenção do material circulante da alta velocidade no território do concelho da Moita e cuja autarquia já deu parecer favorável no estudo de impacto ambiental. Certamente um projeto âncora para o nosso município, que trará certamente com ele muitos postos de trabalho e o desenvolvimento que todos desejamos. Estamos a falar do eixo de ligação Moita/Barreiro/Seixal que terá na intersecção projetada para aquele espaço um nó fundamental para a criação daquilo que se pode chamar da Circular Regional Sul. Dito isto, devemos salvaguardar o interesse público, apoiando iniciativas que permitam melhorar a circulação na região, e neste caso particular, entre a Moita e o Barreiro. Importa acautelar os interesses do município, das pessoas que nele vivem, sem nos deixarmos iludir ou capturar por interesses que desconhecemos. Sendo a favor do desenvolvimento, considero que importa acautelar que qualquer que venha a ser a intervenção a ser feita naquele espaço, a mesma não colocará em causa o desenvolvimento da região e do país. Terá a autarquia desistido destes projetos, da terceira travessia, da alta velocidade ferroviária e das oficinas de manutenção do material circulante da alta velocidade?É essa a pergunta que se impõe.

Moita, 1 de setembro de 2020