Amianto, ainda há mais por fazer

A autarquia da Moita está a substituir as coberturas de fibrocimento nas escolas, mas será que está a custear a totalidade das obras?
Vamos aos factos. Em julho de 2020 o Governo lança um programa onde as autarquias podem candidatar-se a linhas de financiamento, para substituir as coberturas dos estabelecimentos de ensino nos seus concelhos.
O programa com verbas de fundos comunitários, apresentava um valor de 65 euros por metro quadrado, a esse valor acrescentava mais 10% para despesas de estaleiro, e substituição de algerozes, o que perfaz um valor a rondar os 71 euros por metro quadrado.
Em reunião de uma comissão permanente, o Senhor Presidente da autarquia informa que a substituição das coberturas teve um custo para a autarquia que rondou os 70 euros por metro quadrado, ou seja é de fácil percepção que a quase totalidade, ou mesmo a totalidade dos custos com a substituição das coberturas foi custeada pelo programa lançado pelo Governo.
O programa até abre uma porta, e suporta os custos dos estabelecimentos de ensino, que há mais de 30 anos são da responsabilidade do Município, como é o caso dos jardins de infância e das escolas do 1º ciclo.
Mas não é desta forma que o executivo da autarquia quer que se saiba, na publicação apresentada no site do Município, e de uma forma ilusória, toda a verdade foi omitida, e nem um agradecimento ao Governo é feito.
Mas afinal há mais.
No Município da Moita existem ainda muitas dezenas de milhares de metros quadrados de coberturas de fibrocimento que contêm amianto, e que são prejudiciais à saúde dos Munícipes.
Muitos milhares destes metros quadrados são da responsabilidade da autarquia, entre eles estão as instalações do Matão, e as antigas instalações da Socorquex, onde diariamente os trabalhadores da autarquia permanecem, onde centenas de Munícipes passam junto a essas instalações quando pretendem ir para a estação da CP, ou quando pretendem fazer compras numa superfície comercial aí existente, onde diariamente centenas de atletas convivem com as partículas lançadas destas coberturas, pois estão na sua pior fase, a de libertação de partículas microscópicas.
É urgente que o Município da Moita seja um concelho livre de amianto, é hora de deixar as ilusões e as artimanhas de lado, e fazer um levantamento, que nunca foi feito, dos edifícios públicos e privados, que contêm coberturas de fibrocimento.
Após esse levantamento é urgente que a autarquia avance nas instalações que estão sob a sua responsabilidade, o que não tem feito, e que sensibilize os privados para os perigos para a saúde de todos nós.
É hora dos partidos políticos colocarem nos seus programas eleitorais, medidas concretas para substituir estas coberturas, trazendo desta forma mais qualidade de vida aos Munícipes.

Pedro Mateus, eleito do PS na Assembleia Municipal da Moita

Moita, 12 de Agosto de 2021